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Até tem coisa escrita, mas tá tudo quebrado. Ainda falta texto e imagens, os números das seções e tabelas são provisórios, enfim… Considere isso aqui uma espiada nos bastidores.
Química com (um pouquinho de) contexto Unidade H ▪ Dinâmica das reações químicas
Atualizado em 2 jul. 2025
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Entropia e energia livre

Seções 29.1Espontaneidade29.2Entropia29.3Variação de entropia

29.1Espontaneidade

Imagine duas chapas de metal, uma muito quente e a outra à temperatura ambiente. Se você encostar essas duas chapas, o que deve acontecer com elas, com o passar do tempo?

Bem, temperatura é uma medida da agitação média dos átomos e moléculas — especificamente, está associada à energia cinética média dessas partículas. Quando você põe as chapas em contato, começa a acontecer uma transferência de calor: as partículas rápidas da chapa quente vão se esbarrar nas partículas lentas da chapa fria, transferindo energia. A chapa quente vai esfriar e a chapa fria vai esquentar, até ambas chegarem à mesma temperatura após um certo tempo (ou seja, até ambas estarem em equilíbrio térmico).

Esse processo de transferência de calor é espontâneo. Em nenhum momento é necessária alguma interferência nessas chapas para que o equilíbrio térmico seja atingido, isso acontece naturalmente.

Agora… e o contrário? Tem como a chapa quente ficar mais quente e a chapa fria ficar mais fria?

Espontaneamente, não. Mas pode ser possível, contanto que haja interferência. Um exemplo é o ar-condicionado, que esfria o interior de um cômodo — enquanto esquenta o lado de fora da casa. Num dia quente, o cômodo esfriar e o lado de fora esquentar não é um fenômeno espontâneo; o natural seria que o lado de fora, mais quente, fornecesse calor, aumentando a temperatura do cômodo. O ar-condicionado só consegue fazer o processo inverso por interferência (usando a expansão de um gás).

Processos que são espontâneos num sentido são não espontâneos no outro sentido.

Existem inúmeras outras situações de processos espontâneos. A transição que ocorre entre o gelo e a água, por exemplo, é espontânea? Depende. Na pressão atmosférica normal, se a temperatura for maior que 0°C, gelo se transforma espontaneamente em água, mas o contrário não; agora, se a temperatura for menor que 0°C, é a água que se transforma espontaneamente em gelo. Perceba que a espontaneidade depende da temperatura.

Espontaneidade não tem a ver com rapidez. Um processo pode ser espontâneo mas ser bem lento, como o enferrujamento de um objeto de ferro em situações não tão favoráveis.

falta coisa aqui: continuar

29.2Entropia

Ao encostar uma chapa quente numa chapa fria, sabemos que, sem interferência nenhuma, elas vão trocar energia até ficarem na mesma temperatura. Mas por que isso é o que acontece e não o inverso?

Na chapa quente, existe bastante energia cinética de agitação dos átomos. Na chapa fria, essa energia é bem menor. A transferência de calor da chapa quente para a fria resulta num sistema que tem a energia total mais “espalhada” entre as duas chapas. Se a chapa quente esquentasse mais e a chapa fria esfriasse mais, a energia total estaria mais concentrada.

Esse calor transferido espontaneamente de uma parte metálica quente para uma fria é usado em alguns motores para gerar movimento. O estudo da eficiência desses motores, feito pelo engenheiro francês Sadi Carnot, levou o físico alemão Rudolf Clausius a propor o conceito de entropia, que seria o quão “espalhada” está a energia. Quanto maior a entropia, mais “espalhada” está a energia de um sistema.

Energia “espalhada”, ou seja, com alta entropia, não é muito aproveitável; tentar fazer um motor funcionar com duas placas à mesma temperatura não dá certo. A energia só pode ser aproveitada quando está “concentrada”, ou seja, quando há baixa entropia — por exemplo, num motor que funcione a partir de chapas metálicas em temperaturas diferentes.

Uma descrição estatística da entropia

Em princípio, até poderia ser possível a chapa quente ficar mais quente e a chapa fria ficar mais fria — só é algo extremamente improvável.

Para ter uma ideia dessa improbabilidade, pense num baralho, com suas 52 cartas separadas pela cor do naipe: as 26 vermelhas todas juntas seguidas das 26 pretas. Se alguém começar a embaralhar as cartas, muito provavelmente as cores dos naipes vão começar a se alternar.

INSERIR FIGURA: Baralho organizado ficando desorganizado

E se tentássemos o contrário: começar com um baralho desorganizado, e ficar embaralhando ele, aleatoriamente, até separar os naipes vermelhos dos pretos. Será que é algo provável de acontecer?

INSERIR FIGURA: Baralho desorganizado ficando organizado

Existe uma área da matemática chamada análise combinatória, que lida com combinações e arranjos de elementos. Vamos usar alguns fundamentos dela nessa seção. Para simplificar, vamos pensar em outra situação: uma sequência de seis cartas diferentes, três vermelhas e três pretas. Quantas sequências diferentes são possíveis de montar com essas seis cartas?

Bem, temos seis opções para a primeira carta. Para qualquer uma das seis cartas escolhidas para ser a primeira, temos cinco opções para a segunda. Assim, para as duas primeiras cartas, teremos \(6 \cdot 5 = 30\) combinações:

[árvore de possibilidades]

Ao seguirmos com as próximas cartas, seguimos multiplicando: existem quatro opções para a terceira, três para a quarta, duas para a quinta e uma para a última. Multiplicando tudo, descobrimos que o número total de combinações é \(6 \cdot 5 \cdot 4 \cdot 3 \cdot 2 \cdot 1 = 720\).fatorial

Agora, se quisermos uma sequência mais organizada, especificamente três cartas vermelhas seguidas de três cartas pretas, quantas possibilidades temos? Bem, as primeiras três cartas são vermelhas, então temos três opções para a primeira, duas opções para a segunda e uma para a terceira. O mesmo vale para as quatro cartas pretas. Juntando essas “metades” da pilha, podemos concluir que o número total de possibilidades é \(3 \cdot 2 \cdot 1 \cdot 3 \cdot 2 \cdot 1 = 36\).

Ou seja, é possível formar 720 combinações de três cartas vermelhas e três pretas, das quais apenas 36 estão organizadas nessa ordem (o que dá 5% das combinações possíveis). Começar com as cartas embaralhadas e, na sorte, organizá-las pode não parecer tão difícil, afinal são seis cartas só, mas se replicarmos o cálculo para um baralho inteiro, o número de combinações organizadas é apenas 2 × 10−13% do total.baralho-completo

É extremamente improvável (e, essencialmente, impossível) embaralhar completamente um baralho de 52 cartas e obter uma sequência com 26 vermelhas seguidas de 26 pretas.

Essa ideia de improbabilidade pode ser aplicada a sistemas físicos também. Voltemos ao exemplo das chapas. Vamos supor que 10 átomos da chapa fria estejam em contato com 10 átomos da chapa quente. A energia total desses 20 átomos vai se distribuir entre eles, e em princípio poderia se distribuir de vários jeitos, inclusive mantendo mais energia nos átomos da chapa quente e menos energia nos átomos da chapa fria. Mas essa transferência de calor dos átomos frios para os átomos quentes, apesar de possível, é improvável. Existem muito mais possibilidades de a energia estar homogeneamente distribuída dentre os 20 átomos do que ela se concentrar apenas em 10 deles. Por isso, o que acontece espontaneamente é esses átomos entrarem em equilíbrio térmico.

Extrapolando para os inúmeros átomos de duas chapas metálicas reais, essa diferença se pronuncia bastante. Na prática, torna-se impossível a energia se concentrar em uma chapa. (Você já viu o tanto que a probabilidade caiu no exemplo das cartas, de seis pra 52 cartas; agora imagine o quanto ela cai indo de 10 para 1023 átomos.) O processo espontâneo é o que espalha a energia. Por isso, a entropia frequentemente é associada à ideia de desordem: um processo aumenta a entropia quando fica mais “desordenado”.

falta coisa aqui: continuar?

29.3Variação de entropia

Se um sistema pode ter entropia (S), naturalmente uma transformação terá uma variação de entropia (ΔS). A entropia é uma função de estado, assim como a entalpia, portanto a variação de entropia de um processo depende apenas da entropia inicial e da entropia final do sistema.

\[\Delta S = S_\text{final} - S_\text{inicial}\]