27 jan 2025

Assistindo Twin Peaks um episódio por semana

“Quem matou Laura Palmer?”
—Fausto Silva, 1991

No começo de 2025, faleceu o diretor David Lynch. Eu já tinha ouvido falar dele como um criador de obras com coisas meio misteriosas, envoltas em sonhos e tal. Nunca vi nada dele, eu acho, mas já tinha ouvido falar da série Twin Peaks, que é uma das obras mais conhecidas dele; é a investigação de algo que acontece numa cidadezinha e tem mistério e tal.

Tenho amigos que já conhecem essa série e outros que estão assistindo agora (muito influenciados pelos jogos Alan Wake e Control, os quais eu certamente não vou jogar), e é uma série muito benquista por quem comenta TV desde décadas atrás. Além disso, lá no Bluesky, alguém teve a ideia de fazer um “watch-along” como se a série estivesse passando na TV agora, um episódio por semana — algo que já aconteceu aqui no Brasil, porque a série passou na Globo aos domingos, nos anos 90, com direito ao Faustão anunciando.

Me deu um interesse de acompanhar, talvez seja uma oportunidade boa. A dinâmica de um por semana ao mesmo tempo parece legal por exigir “pouco esforço” mas admito que me assusta um pouco por ser um compromisso de longo prazo — posso desistir no meio, posso acabar maratonando tudo, posso esquecer de ver? Posso, mas acho que dá pra tentar mesmo assim.

Inclusive, até pensei em escrever alguma coisa sobre cada episódio, aproveitando o template do post de filmes de 2020. Não sei se vinga, mas vamos ver. (Potenciais spoilers a seguir.)


1ª temporada

1x01: Northwest Passage (assisti em 26 jan.)

Quem matou Odete Roitman Laura Palmer?

Depois de três minutos de abertura mostrando uma cidadezinha pacata, já vem o mistério na sua cara: uma menina de 17 anos aparece morta na beira da água, embalada em plástico. A cidade de Twin Peaks, com uma população similar às cidades de Tremembé-SP e Sapé-PB, fica em choque.

Sinceramente, eu não sou muito bom com esses casos de whodunit, meio que vou assistindo, tenho minhas interpretações, mas não duvido algo estar óbvio na minha cara e eu não notar. Não arrisco nenhum nome de quem teria matado Laura Palmer por enquanto.

O episódio, que tem 1h30, é bem dedicado a mostrar vários pedaços dessa cidade e como cada um deles reage à notícia da morte. Vou admitir que não consegui ver de cabo a rabo, fui fazendo pausas (já não basta eu ter começado atrasado o role-play de "Twin Peaks na Globo todo sábado", porque eu vi no domingo).

O caso vai se desenvolvendo até que, além do xerife e das autoridades locais, o FBI também assume a situação. O assassinato pode ter motivos mais amplos, ligados a mais casos. O agente do FBI, por algum motivo, foi engraçado pra mim — que interesse pelas árvores esse homem tem.

Laura não foi a única morta, e uma outra jovem aparece viva, tendo escapado de quem a estuprou. A coisa fica mais séria, e lá pro final, começa a tomar rumos mais… bizarros, sobrenaturais? Ou foi só aquele moleque inventando umas loucuras?

“Bem, será que alguém conseguiria achar esse colar enterrado? Será que tem que usar cachorro, detector de metal?”, eu pensei em um momento.

Minha dúvida não durou um episódio.

1x02: Traces to Nowhere (assisti em 1 fev.)

A abertura diminuiu, agora tem um minuto e meio.

O episódio já começa com o agente Cooper pendurado de cabeça pra baixo de ceroulas e aquele cinto que segura a meia — incrível. Na real, esse começo do episódio tem uma vibe meio de sitcom, felizinha, na trilha mesmo, enquanto o Cooper começa o dia dele. Essa vibe acaba quando ele começa o expediente.

Mais gente da cidadezinha começa a ter desenvolvimento, tem um caminhoneiro briguento que tá com uma camisa ensanguentadaça, tem a filha do dono do hotel que cagou a tentativa dele de trazer investidores; tão se revelando conexões, flertes, chifres… que eu até admito que me perdi um pouco nos nomes. No meio do episódio tem uma senhora que se excita em pensar que a serraria (gerenciada pela viúva do irmão dela) pode falir.

No episódio anterior, uns moleques foram presos durante a investigação, dentre eles o namoradinho chato da Laura e o carinha com quem ela tava metendo a galhada no namoradinho. Eles foram soltos nesse, e enquanto o namoradinho é um rebeldinho com pai militar, o amante é um playboyzinho roupa de couro que até veste suéter pra ir na casa da namorada. Esse playboyzinho, inclusive, revela pra polícia que a Laura tinha problema com cocaína.

Os investigadores tomam café com notas de peixe.

A mãe da Laura, coitada, recebe uma visita da amiga da Laura (que contou pra própria mãe que sabia do chifre) mas começa a pirar e enxerga a Laura na amiga (numa vibe Claire com a cara do Michael Kyle) e tem uma visão de um tiozão de cabelo branco agachado na casa. É um jumpscare bem… estranho. Tá perturbadaça a mulher.

E, por fim, aparece o pedaço do colar que enterraram no episódio passado… e guardaram dentro de um coco?

1x03: Zen, or the Skill to Catch a Killer (assisti em 8 fev.)

Eu não sei se é proposital, e se vai se manter, mas ainda me pega o episódio iniciar como uma sitcom de comédia qualquer, com musiquinha e diálogos rotineiros — até o cara se entupir de um pão claramente seco pra desgraça e falar que tá ótimo. (Inclusive, os irmãos terem nome de sorvete???)

Do nada, um puteiro na divisa com o Canadá, cujo nome (Jack Caolho) parece ser importante pra história. E, junto com a música, a cinematografia bem avermelhada, dando uma sensação meio desconfortável até… Eu não sei até que ponto foi proposital, porque é um puteiro, mas também porque na versão que eu estou assistindo tem um bom tanto desse tom “quente” na imagem. E ainda tem o dono do hotel cumprimentando a dona do puteiro recitando Shakespeare do nada.

Aí tem um momento íntimo entre o amante e a amiga da Laura Palmer contando um pro outro como eles tavam a fim de trair a confiança da Laura Palmer e se pegar, ou algo assim. Agora eles tão livres pra isso né.

Os moleques encrenqueiros aparentemente compram droga do caminhoneiro que bate na esposa, que trai ele com um dos moleques encrenqueiros, que tá endividado com o cara violento que ele tá chifrando. Mas que cidadezinha, só tem corno.

Agente Dale Cooper continua totalmente excelente. Agora tirou de um sonho com o Tibete que, se ele disser o nome de um suspeito antes de tacar uma pedra numa garrafa, e acertar, compensa investigar a pessoa. Nessa, a atenção dele fica pro caminhoneiro e pro psiquiatra.

Aí chega outro cara do FBI (me pergunto a opinião dele sobre a guerra) escrotizando completamente a cidadezinha e o trabalho do povo, levou até um aviso do xerife que evitou uma bordoada.

Nas histórias paralelas, tem uma senhora querendo fazer um varão de cortina silencioso pra levar no Shark Tank; no hotel, tem gente fazendo mutreta com os livros da contabilidade.

A loucura chegou no pai da Laura agora, que ficou dançando rodopiando gritando segurando a foto da filha. O trauma tá bem forte, e eu já não sei se é só luto ou tem mais alguma coisa por trás; o jeito que os pais dela gritam é muito distinto, não sei se é o tom, a captação de áudio, mas é um grito de desespero, tem um quê diferente.

E aí tem o sonho maluco do Cooper, onde começam a se desenrolar umas loucuras. O cara da alucinação da mãe da Laura aparece, junto com outro sem um braço; o Cooper se vê velho ressecado numa sala com cortinas vermelhas, um anão e uma quase-Laura Palmer que falam de trás pra frente. O anão dança em reverso. Cooper acorda com um topete pro lado no meio do cabelo, dizendo que agora sabe quem matou Laura Palmer.

(Eu genuinamente fiquei distraído com o anão dançando durante os créditos e levei um susto com o som de choque da assinatura da Lynch/Frost Productions.)

1x04: Rest in Pain (assisti em 15 fev.)

Mas é claro que o Cooper esqueceu o recado que a falsa Laura deu pra ele durante o sonho na sala vermelha. (Ainda tem mais quatro episódios nessa temporada.)

O perito de fora resolve implicar com a autópsia da Laura, querendo mais tempo (o que atrasaria o velório). E aparentemente ele tem cinco segundos de tempo de reação, porque levou um socão (merecido) do xerife, que ele plenamente poderia ter desviado.

No velório, o ex da Laura (o com pai militar) se revolta, joga a culpa na cidade inteira da morte dela, e ameaça matar o amigo playboyzinho. Enquanto isso, a cabecinha do pai da Laura tá esfarelando: tá se jogando no caixão, implorando pra dançarem com ele… Me pergunto o quanto é luto e desespero ou se tem algum fator de culpa nisso, ou problemas mentais mesmo.

O xerife e os colegas dele levam o Cooper pra um clube secreto que aparentemente tá tentando evitar que entre cocaína na cidade, e nisso tem gente amordaçada e… mas que cacete o playboyzinho amigo da Laura tá nesse clube?!?

Aliás, o Cooper trabalhou nesse episódio: teve que separar a briga no necrotério, foi num clube secreto, ficou à noite no cemitério e flagrou o psiquiatra indo visitar o túmulo da Laura, e ainda teve que levar embora o pai da Laura que tava loucaço implorando por uma dancinha. Só faltou ele colar no puteiro.

1x05: The One-Armed Man (assisti em 22 fev.)

Eu não sei se vi esse episódio com um pouco menos de atenção, porque ele não é ruim, mas me pareceu bem “velocidade de cruzeiro”; ele leva a história adiante, revela informações relevantes… Acho que eu tô com essa sensação porque já me perdi quanto a quem são os homens de meia-idade dessa série, só sei que aparentemente a senhora irmã do dono da serraria tá dando pra todos eles.

Enfim, foi confirmado que a visão jumpscare da mãe da Laura está interligada com o sonho maluco do Cooper por algum vínculo psíquico, onírico talvez (“onírico” é que tem a ver com sonho né).

A Laura tinha problemas tão grandes que o psiquiatra não conseguiu resolver, mas ele sabia de algum cara com um carro vermelho que ela mencionou — que vem a ser o caminhoneiro que bate em mulher. O corpo dela tinha marca de corda, bicada de pássaro e uma ficha de pôquer no estômago com a letra J.

Cooper e Truman vão atrás do homem sem braço que apareceu no sonho maluco do Cooper, perto de onde a senhora fogosa deve tá traindo o marido dela com alguém que me parece o marido dela. O homem sem braço não faz ideia do que tá rolando, mas que tem um amigo veterinário chamado Bob (que nem o véio do jumpscare da mãe da Laura).

Eles vão atrás do veterinário e acham uma corda que bate com a corda que amarraram a Laura, e depois descobrem que o pássaro que atacou a Laura passou pelo veterinário.

A moça da lanchonete tem um marido preso que tem um chaveiro de uma peça de dominó… e aparentemente esse marido tá tendo um negócio com a Josie (a irmã do dono da serraria). Falando em chifre, a esposa do caminhoneiro mostra a camisa ensanguentada pro Bobby, que usa isso pra tentar incriminar o caminhoneiro. Ah, e o caminhoneiro vai tacar fogo na serraria.

Eu estou ficando confuso. Tem uma lhama no episódio também.

Quem é quem até agora

Eu tô perdido. Este é um resumo baseado nos resumos dos primeiros cinco episódios na Wikipedia.

Agora só falta eu memorizar os rostos de todas essas pessoas.